Fala galera!
Você sabe o que são “carros verdes”? O tema é objetivo: são veículos que não poluem o meio-ambiente. Mas, mesmo "direto", o assunto não é tão simples assim. Alguns modelos já estão em alta na Europa, como o Tesla Model S. Mas aqui no Brasil o carro nem é tão conhecido.
Tesla Model S é considerado a "menina dos olhos" da indústria automobilística |
Por isso, nada melhor que um profissional extremamente especializado no assunto para traduzir para a gente este tipo de tecnologia e detalhar todos os aspectos do que promete ser o futuro, ou até mesmo o presente, da indústria automobilística mundial.
Quem escreveu o texto abaixo, exclusivo para a Garagem do Calfat, foi o economista Lourenço Diniz Faria, pesquisador em Copenhague, na Dinamarca.
E aí? Preparado? Então aventure-se na leitura abaixo! O texto é grande, mas bem completo. Eu recomendo.
O que são carros verdes?
E aí? Preparado? Então aventure-se na leitura abaixo! O texto é grande, mas bem completo. Eu recomendo.
O que são carros verdes?
por Lourenço Faria, economista*
Eu aposto que você já ouviu falar, em algum momento, do termo “carro verde”, não devido à cor do veículo, mas sim pelo potencial em reduzir seu impacto sobre o meio ambiente.
É fato, o automóvel possui uma pegada ambiental enorme, desde a fabricação dos materiais utilizados (como o aço, o plástico e o alumínio) até a sua utilização. A indústria automobilística se encontra numa encruzilhada bastante complexa em busca da redução dessa pegada ambiental, embora essa transição seja necessária.
É difícil definir o que seria um “carro verde” porque essa noção muda com o tempo. Se nós considerarmos um carro verde como aquele que tem uma pegada ambiental menor do que seus concorrentes diretos, provavelmente todo carro moderno pode ser chamado de verde em relação aos seus “antepassados” beberrões das décadas de 1960 e 1970.
O que se convencionou chamar de carro verde atualmente engloba dois tipos distintos de automóveis. Em primeiro lugar, os carros com tecnologias de propulsão alternativas (elétrico, híbrido, movido à hidrogênio, energia solar etc.). É o caso do Toyota Prius, Tesla Model S, Nissan Leaf, Chevrolet Volt.
Em segundo lugar, os carros “convencionais” que possuem algum grande diferencial que reduz consideravelmente seu consumo e/ou melhora sua eficiência. É o caso, por exemplo, dos carros de passeio à diesel atualmente vendidos na Europa, ou daqueles que utilizam tecnologias complementares como sistema stop-and-go, downsizing, design aerodinâmico, pneus de baixa resistência ao atrito com o solo, comando de válvulas variável, entre muitas outras.
Veículo sendo "abastecido" na Dinamarca |
Em segundo lugar, os carros “convencionais” que possuem algum grande diferencial que reduz consideravelmente seu consumo e/ou melhora sua eficiência. É o caso, por exemplo, dos carros de passeio à diesel atualmente vendidos na Europa, ou daqueles que utilizam tecnologias complementares como sistema stop-and-go, downsizing, design aerodinâmico, pneus de baixa resistência ao atrito com o solo, comando de válvulas variável, entre muitas outras.
O segundo grupo tem se tornado cada vez mais a regra, de forma que muitos não mais consideram essas tecnologias como “verdes”. Além disso, essas tecnologias têm um limite de redução do impacto ambiental e aumento da eficiência, já que os motores à combustão interna convencionais sempre vão emitir algum poluente e sempre vão transformar parte da energia do combustível em calor.
De fato, hoje o que os especialistas chamam de “verdes” são as tecnologias alternativas ao motor à combustão interna convencional, ou o primeiro grupo que citei. Ainda existe muito preconceito quanto a esses veículos, que ainda são vistos como carros pra gente rica e excêntrica que se preocupa com o meio ambiente, ou para aqueles “ecochatos”.
Mas de fato, apesar do preço elevado, eles oferecem muitas vantagens em relação aos outros veículos. A começar pelo custo por quilômetro rodado, passando pelo torque disponível mesmo em baixas rotações, estabilidade, etc.
Nissan Leaf é o segundo carro de passeio mais vendido na Noruega |
E a autonomia tem se tornado cada vez menos um problema, à medida em que o preço das baterias vem diminuindo e as pessoas vêm utilizando meios de transporte alternativos para se deslocarem em grandes distâncias.
O resultado disso é que o mercado de carros “verdes” vem crescendo ano após ano. Na Noruega, o elétrico Nissan Leaf já é o segundo automóvel de passeio mais vendido, atrás apenas do Volkswagen Golf!
O Tesla Model S vem sendo tratado como o “iPhone” dos carros, tanto pelas suas vantagens em termo de desempenho (foi considerado o carro do ano pelas revistas Motor Trends, Automobile Magazine e Yahoo Autos, e o melhor carro já testado pela Consumer Reports), mas também por sua aura como carro “cool” (os CEOs das empresas de TI do Vale do Silício o adoram), o que contrasta com a visão tradicional que nós temos desses carros.
Aqui na Dinamarca já é comum ver carros elétricos e híbridos rodando, assim como pontos de recarga espalhados pela cidade. Entretanto, mais uma vez o Brasil passa longe da tendência mundial.
Chevrolet Volt é um dos modelos cobiçados no universo dos "verdes" |
Enquanto outros países em desenvolvimento, como China e Índia, têm programas de desenvolvimento de veículos elétricos e híbridos, e subsídios para a compra de veículos verdes, o país ainda assiste uma total falta de compromisso do Estado e das montadoras em introduzir esses veículos por aqui.
Mesmo países pequenos e com pouca tradição no mercado automotivo, como a Sérvia, vêm arriscando entrar nesse negócio com novas montadoras e fornecedores de componentes.
É uma pena, pois essa poderia ser uma grande oportunidade para a construção de uma indústria genuinamente nacional em torno desses veículos e seus componentes. A Tesla, por exemplo, começou suas atividades há cerca de 4 anos, sem nenhuma experiência nesse mercado, e hoje o valor de mercado da empresa já é equivalente a cerca de um quarto do valor da gigante Fiat/Chrysler.
Mas, é claro, coisas como essas não acontecerão enquanto as grandes montadoras continuarem ditando o que pode e o que não pode ser feito por aí.
*Economista pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), mestre em Economia Aplicada pela Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) e, atualmente, faz PhD na Technical University of Denmark, pesquisando a dinâmica das inovações ambientais no setor automotivo. Além disso, é membro da Gerpisa, um grupo internacional de estudos no setor automotivo.
*Economista pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), mestre em Economia Aplicada pela Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) e, atualmente, faz PhD na Technical University of Denmark, pesquisando a dinâmica das inovações ambientais no setor automotivo. Além disso, é membro da Gerpisa, um grupo internacional de estudos no setor automotivo.
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